A exposição excessiva de crianças e adolescentes nas redes sociais voltou ao centro do debate público nas últimas semanas, impulsionada por casos de influenciadores mirins envolvidos com conteúdos inapropriados. Para o psiquiatra goiano Dr. Thyago Henrique, essa “adultização precoce” traz sérios riscos ao desenvolvimento emocional e psíquico dos jovens.
Formado pelo Hospital Israelita Albert Einstein e especializado em saúde mental infantojuvenil, o médico tem observado em consultório um aumento nos casos de ansiedade, baixa autoestima, distorção da autoimagem e até sexualização precoce entre crianças expostas de forma inadequada ao ambiente digital.
“Redes sociais foram criadas para adultos, com linguagem, estímulos e padrões de comportamento que ultrapassam a maturidade emocional da infância. Quando os pais permitem que seus filhos assumam papéis adultos online, mesmo que de forma inconsciente, isso afeta diretamente o senso de identidade e autoestima”, explica Dr. Thyago.
Além disso, o psiquiatra chama a atenção para a crescente dependência digital entre jovens. Segundo ele, o uso desregulado das plataformas pode comprometer o sono, a concentração e o desempenho escolar, além de aumentar sentimentos de inadequação e comparação constante.
Sinais de alerta e como agir
Para os pais e responsáveis, o Dr. Thyago Henrique recomenda atenção a sinais como:
-
Mudanças repentinas de humor;
-
Isolamento social;
-
Baixa tolerância à frustração;
-
Necessidade constante de validação online.
“O ponto de partida é sempre o diálogo. Os pais devem conversar com os filhos, supervisionar o conteúdo consumido e impor limites claros, com empatia e firmeza. Criança precisa de segurança, não de seguidores”, afirma.
Dicas práticas para proteger as crianças
-
Acompanhe o uso das redes sociais, especialmente em perfis públicos;
-
Defina limites de tempo para uso de telas, inclusive nos finais de semana;
-
Ensine sobre privacidade e riscos do compartilhamento excessivo;
-
Estimule atividades offline, como esportes, leitura e convivência familiar;
-
Dê o exemplo: pais também devem moderar o uso do celular.
Por fim, o psiquiatra reforça que a responsabilidade pelo bem-estar emocional das crianças não pode ser terceirizada. “A infância precisa ser preservada. Redes sociais não devem ser palco para performance infantil, mas um ambiente supervisionado com muita cautela”, conclui.
Confira as notícias do Boqnews no Google News e fique bem informado.