O faturamento das editoras de livros teve crescimento nominal de 3,7% em 2024, totalizando R$ 4,2 bilhões. Quando é aplicada a inflação do período, entretanto, de 4,83%, o resultado real é de um recuo de 1,1% nos ganhos do setor.
Os números estão na Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, divulgada nesta quarta-feira (28). O estudo foi coordenado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), com apuração da Nielsen BookData.
De acordo com a pesquisa, dos quatro subsetores avaliados, Obras Gerais, Religiosos e Científicos, Técnicos e Profissionais (CTP) apresentaram crescimentos nominais de vendas ao mercado de 9,2%, 8,7% e 3,3%, respectivamente. Apenas a categoria Didáticos registrou desempenho nominal negativo (-5,1%) de vendas ao mercado.
Dados
De acordo com a presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Sevani Matos, a pesquisa deste ano traz uma novidade importante ao apresentar pela primeira vez os resultados de venda por gênero.
“Isso não apenas alinha o Brasil com práticas de mercados mais maduros, mas também nos permite uma análise mais detalhada e estratégica. Observamos que a categoria de Não Ficção Adulto lidera em faturamento, representando 28,5% das vendas ao mercado. Enquanto os livros Religiosos dominam em número de exemplares vendidos, com 29,5% do total.
“Esses dados revelam uma diversificação interessante nas preferências dos leitores brasileiros, indicando uma busca por conteúdo que vai além do entretenimento, abrangendo também conhecimento e espiritualidade. Essa diversidade é um reflexo da riqueza cultural do nosso país. E abre novas oportunidades para editoras explorarem nichos específicos e atenderem melhor às demandas do público”, afirma Sevani.
Avaliação
Segundo o presidente do SNEL, Dante Cid, embora se tenha observado uma variação positiva abaixo da inflação nos livros físicos, se somados aos digitais, com o seu crescimento de mais de 20%, todo o setor fica ligeiramente no positivo.
“A única queda considerável fica por conta da categoria de Didáticos, em parte porque há uma expansão nos modelos de acesso ao conteúdo que, em certos casos, estão conectados diretamente aos sistemas de ensino. Nem sempre esses novos formatos são percebidos pela pesquisa, mas, segundo estimativas do próprio mercado, representariam, já, cerca de 50% do total da categoria.”
Na avaliação da coordenadora de pesquisas econômicas da Nielsen BookData, Mariana Bueno, o setor apresentou um bom resultado em 2024.
“Se excluirmos o desempenho negativo de Didáticos, as editoras registraram crescimento nominal de 7,8%, nas vendas realizadas ao mercado, o que em termos reais significa um aumento de 2,8%. O ano de 2024 também apontou crescimento da participação das livrarias no faturamento das editoras de Obras Gerais. Mais uma vez, observamos a importância de ‘Site da Própria Editora/Marketplace’, consolidado como importante canal para as editoras de Didáticos e CTP e ampliando sua relevância para as editoras de Religiosos, porém com pouca representatividade para editoras de Obras Gerais”, destaca Mariana.
Foram 44 mil títulos produzidos em 2024, sendo 23% de lançamentos, e 366 milhões de exemplares. Em 2023, foram 45 mil títulos produzidos e 320 milhões de exemplares.
Além disso, a variação nominal do preço médio dos livros foi de 2,9%, menor que o IPCA do período (4,83%). Isso significa que os livros, em média, encareceram menos do que outros produtos e serviços em 2024.
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