A conquista do prêmio Melhor Escola do Mundo 2025 (World’s Best School Prize), da T4 Education, na categoria Superação de Adversidades, pela escola estadual Parque dos Sonhos, de Cubatão, servirá como modelo para outros projetos educacionais do Estado.
A unidade será a primeira do gênero no Estado a contar com período integral do Ensino Fundamental I, II até o Ensino Médio a partir de 2026.
Além disso, a unidade receberá mais melhorias, como a climatização.
Além da integração e ampliação de cursos técnicos na outra unidade vizinha.
Atualmente, são oferecidos cursos de Administração e Logística.
A ideia é ampliar para atividades de Enfermagem a partir de 2027.
“Assim, poderemos acompanhar o desenvolvimento dos nossos alunos desde as primeiras idades até a formação profissional”, salienta o diretor Regis Marques.
Assim, ele destaca que a ideia é garantir qualificação profissional para os jovens cubatenses, seja por meio de parcerias com instituições de ensino e universidades.
Para tanto, está nos seus planos um Centro de Línguas, que passará a oferecer cursos de inglês, espanhol, francês, italiano e mandarim.
Aliás, ele embarca no próximo dia 12 de novembro para Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes, onde receberá a premiação internacional.
Ela ocorrerá nos dias 15 e 16 do próximo mês.
Na ocasião, terá a oportunidade de expor a proposta ‘humanista’, como ele enfatiza, para transformar a escola, antes conhecida como Parque dos Pesadelos, para Parque dos Sonhos, fazendo jus ao seu nome original.
Diretor Regis Marques embarca no dia 12 de novembro para receber prêmio nos Emirados Árabes. Foto: Felipy Brandão
Jornal Enfoque
Marques participou do Jornal Enfoque desta quarta (15), dia dos professores, ao lado da também professora Solange Martins.
Eles falaram do trabalho desenvolvido na escola nos últimos anos, que transformaram a realidade de uma unidade escolar cujas histórias se assemelham a outras das periferias de cidades brasileiras.
Solange chegou um ano antes do diretor, que, no início, sofreu resistências.
No entanto, aos poucos, ele foi introduzindo mudanças significativas para que todos percebessem que o espaço era comum e necessitava ser abraçado de forma coletiva, tanto pelos docentes, discentes e comunidade.
“O acolhimento é fundamental. Usamos um modelo cubano de conhecer a realidade dos alunos, suas necessidades e carências”, destaca.
Ele também usa a filosofia Ubuntu, de origem africana, como receita do sucesso, algo explicado para as 91 diretores de ensino que participaram de um encontro na última terça.
O Ubuntu é uma filosofia que representa ‘eu sou porque nós somos”
Assim, enfatiza que a identidade individual está intrinsecamente ligada à comunidade e que o ser humano é definido por suas relações com os outros.
Dessa forma, a filosofia africana promove a compaixão, a solidariedade, a partilha e o respeito.
E se opõe ao individualismo e à discriminação.
Empatia
Assim, a empatia, por exemplo, é a palavra mais usada pelos alunos.
“Na escola, ninguém larga a mão de ninguém”, enfatiza o diretor.
“A palavra que define a escola é o acolhimento. A gente acolhe os alunos. Lá, eles se sentem acolhidos”, acrescenta a professora Solange.
Mesmo após se aposentar, ela resolveu retornar à escola para lecionar e ajudar a transformar as vidas dos seus alunos, inclusive atuando como tutora, algo que tem dado frutos positivos.
“Por meio da tutoria, identificamos três casos de abusos e violência contra alunos”, destaca o diretor Marques.
Aposentada, professora Solange Martins retornou à escola para continuar lecionando aos seus alunos. Foto: Felipy Brandão
Aumento
Assim, com respeito, escuta e envolvimento, em menos de uma década, a escola conseguiu aumentar o número de alunos em quase 500%, saindo de 116 para 536 – número que chegará a mil no próximo ano com a integração com o Ensino Médio.
Como resultado, as notas do Saeb e Saresp dobraram neste período.
A média de outrora de 2,27 faz parte do passado.
“A meta neste ano é chegar a 5,5 no Saresp”. A prova ocorrerá no próximo dia 28.
Em 2019, por exemplo, a escola tinha notas abaixo da média paulista entre as unidades estaduais tanto em Língua Portuguesa como Matemática.
No Saresp do ano passado, a escola obteve 7,6 no 2º ano e 5,6 no 5º ano, chegando a 4,3 no último ano.
Fundada há 11 anos, a unidade funciona no Jardim Real, junto ao Bolsão 9, de Cubatão, onde as deficiências públicas são comuns.
Portanto, a escola se torna a melhor referência para uma perspectiva social.
Graças a sonhos em que é possível acreditar e apostar em parcerias para garantir recursos e atender as demandas da comunidade.
Momento da premiação internacional envolveu alunos e professores na quadra esportiva da escola. Foto: Divulgação
Modelos
O modelo da escola, aliás, servirá para a criação de dois projetos do Estado.
Um deles é o Clube-Escola, com incentivo à prática esportiva no contraturno.
Assim, escolas estaduais receberão melhorias e recursos para compra de equipamentos e material esportivo de forma a garantir à criança e adolescente a paixão pelo esporte.
A Parque dos Sonhos tem apostado nesta iniciativa em oferecer 23 projetos, como em modalidades esportivas, e na área cultural.
No setor esportivo, modalidades com patinação artística, vôlei, badminton, handebol, atletismo, caratê, xadrez, dama, capoeira e até esgrima – hoje, interrompida – fazem parte das opções aos jovens.
E outras estão por vir.
Como reflexo, pequenos campeões começam a surgir.
Seja na patinação artística, seja no vôlei, crianças passam a ter o prazer no esporte como forma de entendimento da vida, do respeito e das noções das regras.
Outro projeto, solicitado por Marques ao secretário estadual, é o de Melhoria de Convivência, de forma a trabalhar a cultura de não violência nas escolas.
“A proposta é trazer a comunidade para a escola. Trazer o trabalho de reconhecimento, de pertencimento. Fazer esta inspiração”, destaca.
Este, aliás, é um dos pontos que o diretor quer reforçar com o secretário Renato Feder, a qual terá um novo encontro nesta quinta (16).
Ele pedirá, aliás, o reforço e a ampliação do programa Escola da Família, criado em 2003 pelo governo paulista, mas que sofreu um processo de esvaziamento ao longo dos anos.
Atualmente, são apenas 78 escolas participantes no Estado de São Paulo.
Vencedores
Os vencedores do prêmio a ser entregue em novembro foram escolhidos por uma Academia de Juízes internacional, com base em critérios rigorosos.
Outras instituições também foram premiadas nas outras quatro categorias da premiação:
- A Franklin School, em Jersey City (EUA), recebeu o prêmio de “Inovação 2025”;
- Favor del Niño, na Cidade do México (México), venceu em “Colaboração Comunitária 2025”;
- SK Putrajaya Presint 11(1), em Putrajaya (Malásia), foi reconhecida na categoria “Apoio a Vidas Saudáveis 2025”; e
- Arbor School, em Dubai (Emirados Árabes Unidos), conquistou o prêmio na categoria “Ação Ambiental 2025”.
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