O espetáculo “Vozes Veladas” estreia nesta quinta-feira (29/8), às 20h, no Teatro de Arena Rosinha Mastrângelo, em Santos. A montagem, com entrada gratuita, resgata textos teatrais censurados durante a ditadura militar brasileira e convida o público a refletir sobre os efeitos da censura e os desafios contemporâneos da liberdade de expressão.
Ademais, além da estreia, haverá uma nova apresentação no dia 3 de setembro, no mesmo local e horário, como parte da Mostra Regional do FESTA 67, o mais antigo festival de teatro em atividade no Brasil.
Porém, a obra é uma realização do Coletivo (a)gente, em parceria com a Cipó Produções, e foi contemplada pelo 11º FACULT – edital da Secretaria de Cultura de Santos (Secult).
Resgate histórico e crítica atual
Para construir o espetáculo, o grupo mergulhou em documentos históricos, reunindo textos censurados entre 1964 e 1968. Entretanto, um dos destaques é o texto “Reportagem de um Tempo Mau”, escrito em 1965 pelo santista Plínio Marcos, até hoje pouco conhecido do grande público.
Além disso, o espetáculo também utiliza referências do Arquivo Público Estadual Miroel Silveira, que guarda centenas de peças vetadas e processos de censura da época.
Segundo a artista e pesquisadora Natália Brescancíni, que integra a produção e o elenco, o projeto busca relacionar passado e presente.
“A proposta é revelar como a censura moldou a cultura brasileira e como ela ainda se manifesta hoje, de outras formas. Usamos a arte para provocar reflexão e preservar a memória cultural”, afirma Natália.
Arte, memória e resistência
Para dar vida a esse material, a dramaturgia do espetáculo combina ficção e realidade, com criação coletiva e músicas inéditas. Assim, o palco se transforma em um espaço de múltiplas linguagens, onde vozes silenciadas ganham destaque.
Além dos textos históricos, a montagem utiliza música ao vivo, projeções visuais, leituras encenadas e análises críticas que dialogam diretamente com o cenário atual.
“Não se trata apenas do passado. A censura, muitas vezes, continua mascarada em discursos e práticas atuais. Por isso, esse debate ainda é urgente”, completa a artista.
Sobre o coletivo
Fundado em 2018, o Coletivo (a)gente reúne os artistas Natália Brescancíni e Erik Morais. Com sede no Jibóia Ateliê, no Centro Histórico de Santos, o grupo atua em projetos de criação e formação artística, com foco em intervenção urbana, teatro, literatura e artes visuais.
Além disso, ao longo dos anos, o coletivo desenvolveu diversas ações, como “Invasões Poéticas”, “Pouca Farinha Muito Mar”, “Na Flor D’água” e “Diálogos Sonoros-Visuais”, este último em parceria com o músico Kuaray O’ea. Mais recentemente, apresentou ao público o processo criativo de “Vozes Veladas” durante o FESTA 66, em 2024.
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