A chegada de um filho costuma ser marcada por expectativas e planos. Mas, para algumas famílias, a realidade pode passar por desafios inesperados desde os primeiros dias de vida. Foi o que aconteceu com Nadhusca Sanches, que viu sua filha, Nalu, enfrentar uma luta pela vida logo após o nascimento.
Pouco depois de nascer, Nalu enfrentou a primeira crise convulsiva e precisou ser reanimada e entubada na UTI. A mãe, Nadhusca Sanches, relembra com clareza o choque daqueles dias.
“Quando a médica me deu a notícia, ela não me deu nenhuma esperança da minha filha sair viva do hospital. Nenhuma expectativa sobre como ela poderia se desenvolver”, conta.
Foram 25 dias de internação. Nesse período, Nadhusca fazia diariamente o trajeto até o hospital: chegava cedo, ordenhava o leite e só retornava para casa no fim da noite. Ao receber alta, Nalu voltou para casa nos braços da mãe, mas também com a prescrição de dois anticonvulsivos.
As crises, no entanto, não pararam. “As convulsões em bebês são muito sutis. Ela tremia o olhinho, subia a bochecha. Como criamos o hábito de filmar, no retorno da consulta a neuropediatra confirmou que se tratava de crise convulsiva”, explica Nadhusca.
Aos oito meses, Nalu já havia passado por cinco anticonvulsivos diferentes e vivia dopada, dormindo até 16 horas seguidas e sem reação. “Ela mamava pouquíssimo, não tinha expressão, parecia viver num estado vegetativo, e mesmo assim convulsionava”, lembra a mãe.
Diante do desespero, a família passou a buscar alternativas e encontrou no canabidiol uma esperança. Sob orientação de um médico prescritor, iniciaram o tratamento. O resultado foi imediato: de sete convulsões por dia, Nalu passou duas semanas sem nenhuma crise.
A virada com o óleo
Hoje, em 2025, a vida da família é outra. Desde os 11 meses, Nalu faz uso regular do óleo e, a partir de 2020, passou a associar o tratamento à dieta cetogênica. Aos 7 anos, ela frequenta a escola regular, realiza terapias, gosta de andar de skate, praticar canoagem e participar de atividades sociais.
Ela não fala devido à profundidade da lesão cerebral, mas consegue se expressar de diferentes formas. “Aprendemos que a fala não é o único jeito de se comunicar. Pelos olhos, pelas expressões e pelo jeito que ela reage, entendemos tudo o que sente”, explica Nadhusca.
O que a família conquistou não condiz com os exames médicos. “Mudou nossa vida de cabeça para baixo. Hoje sabemos que não existe um único lado certo. Existe a vida que escolhemos viver junto com a Nalu, com amor e com esperança”, resume a mãe.
Além do tratamento, a luta contra o preconceito
Foto: Vinícius Dantas
A trajetória da menina também virou literatura. O escritor santista Paulo Mauá lançou o livro “Nalu, a Sereia”, inspirado na vida da pequena.
Na história, Nalu é uma sereia que adora brincar de amarelinha no fundo do mar e nadar com sardinhas. Mas seu coração fica apertado porque deseja fazer amizades para além das ondas. Teimosa como toda criança, decide abandonar o mar e passa a caminhar sobre a areia. Logo nos primeiros passos, sente tontura, a vista embaça, falta ar e ela cai.
É então que um siri enxerido e uma sábia leoa-marinha entram em cena para ajudar. Com carinho, cuidado e um tratamento especial, conseguem fazer com que Nalu volte a caminhar e até a surfar, mostrando que não há diferença que impeça uma criança de sonhar e brincar.
Baseada em fatos reais, a obra fala de forma lúdica sobre a importância do tratamento, do amor e da inclusão, alcançando crianças e também os pais, que encontram no livro uma oportunidade de refletir sobre o capacitismo e sobre o valor da empatia.
Onde encontrar
Hoje, além do tratamento que mudou sua vida, Nalu também tem sua história eternizada nas páginas do livro “Nalu, a Sereia”, que pode ser adquirido diretamente com a família:
Valor: R$ 59,90 para a cidade de Santos
Para outras localidades: R$ 59,90 + frete
Instagram para contato: @.sanches.gritti
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