As tradicionais plaquinhas de “contrata-se” estão espalhadas por todos os lados. Mas, segundo os comerciantes da Baixada Santista, o problema não é a falta de vagas, e sim de candidatos. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, confirmam esse cenário.
Em maio, as nove cidades da região registraram 15.025 admissões nos cinco principais segmentos da economia. No mesmo período, ocorreram 14.121 demissões. O saldo foi de 904 vagas. Em abril, o número havia sido um pouco melhor: 15.676 contratações, 14.304 desligamentos e saldo de 1.372 postos. A queda é gradual, mas sentida por quem está na linha de frente.
“A maior queixa de quem atua no comércio é a falta de mão de obra. Falta gente disposta a trabalhar à noite, nos fins de semana e feriados. Como o comércio depende desses horários, muitos acabam fechando as portas por falta de equipe”, afirma Nicolau Miguel Obeidi, presidente da CDL Santos Praia.
Setor varejista
A CDL Santos Praia realiza, todos os meses, um levantamento com base nos dados do Caged. No setor de comércio varejista, o saldo também é pequeno. Em maio, foram 3.495 contratações e 3.369 desligamentos em todo o Litoral Paulista, com saldo de apenas 126 vagas. Em abril, foram 3.672 admissões e 3.453 demissões — saldo de 219 postos.
Bruno Ferreira, dono da padaria Nova Seara, no bairro Vila Mathias, em Santos, diz que nunca foi tão difícil contratar. “Temos 49 funcionários. Mas, quando alguém sai, leva muito tempo para conseguir repor. Balconista, por exemplo, está cada vez mais difícil. Sempre buscamos mão de obra especializada.”
Cláudio Chinen, dono da rede de lojas Daruma, também enfrenta o mesmo problema. Com três unidades em Santos e São Vicente, ele já teve mais de 20 colaboradores. Hoje, esse número caiu pela metade. “É difícil encontrar quem aceite trabalhar mais de cinco dias por semana e nos horários que o comércio exige. Abrimos em fins de semana e feriados. Está complicado.”
Situação em Santos
Portanto, em Santos, os dados do varejo mostram estabilidade. Em maio, foram criados 1.086 postos e encerrados 1.053, com saldo de 33 vagas. Em abril, o saldo foi de 31 (1.107 admissões e 1.076 demissões).
Para José Carlos Fachim, dono do Shopping das Embalagens, o desafio vai além da contratação. “É difícil contratar, e quando contratamos, nem sempre conseguimos manter. Falta comprometimento. Esperamos um cenário melhor.”
Qualificação como saída
Para tentar amenizar o problema, a CDL Santos Praia segue apostando na qualificação. Desde 2023, o programa Caça Talentos já recebeu mais de 5 mil currículos, promovendo cursos e fazendo a ponte entre empresas e candidatos.
“Esperamos que as pessoas aproveitem essas oportunidades. A CDL sempre promove capacitação e divulga vagas. O comércio tem espaço, mas é preciso interesse e preparo”, destaca Nicolau Miguel Obeidi.
Sobre a CDL Santos Praia
Fundada em 18 de outubro de 1973, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Santos-Praia é uma entidade sem fins lucrativos que atua em prol dos lojistas da região. Com cerca de mil associados, oferece serviços como assessoria jurídica, planos de saúde e odontológico com preços acessíveis, consultas ao SPC Brasil, locação de espaços para cursos e reuniões, cartão de benefícios, balcão de empregos e consultoria especializada.