Nos dias 24 a 27 de julho (de quinta a domingo), acontece a segunda edição de Black Don’t Crack – Mostra Artística Negra e LGBT+, na Vila do Teatro, em Santos, a partir das 19h. Idealizado pelo Coletivo Marsha, com aporte da Secretaria Municipal de Cultura, o projeto foi contemplado no 2º Concurso de Arte Preta de Santos, edital de fomento a propostas relacionadas à cultura africana e afro-brasileira.
Originada da língua inglesa, a expressão que dá nome à mostra evidencia a resistência, força e resiliência da comunidade negra LGBT+ em todo o mundo, trazendo a importância da coletividade e representatividade como conceitos que propiciam a sobrevivência, as conquistas individuais e transformam não só o pensamento, como a vida de gerações, por meio da arte e educação.
Atividades formativas, performances artísticas, sarau literário e exposição de artes visuais compõem os quatro dias da programação gratuita, que terá a participação de poetas, ilustradores, artistas da música, do teatro e da dança, que representam a cena independente da Baixada Santista em outras localidades do país.
A partir desses elementos, o público poderá conhecer um pouco mais sobre a contribuição da população LGBT+ nas mais variadas expressões artísticas e identitárias, dentre elas a Cultura Ballroom, movimento criado pela comunidade LGBTI negra e latina dos Estados Unidos na década de 1970, e principal inspiração para a música “Vogue”, de Madonna.
Representante deste movimento, o bailarino e coreógrafo Di Cash conta um pouco sobre o impacto da cultura ballroom em sua vida pessoal e profissional.
“Durante toda minha trajetória na cultura BALLROOM, pude entender que corpos pretos, trans e latinos existem e merecem ser respeitados e acolhidos. A cultura é muito alem do que dançar vogue e cair no ‘dip’, ela é ensinamento, é um local de pertencimento e afirmação perante a nossa sociedade”, explica.
Além disso, personalidades brasileiras como Jorge Lafond (e sua inesquecível ‘Vera Verão’) e Lacraia — ícone do funk carioca dos anos 2000 — também são algumas das homenageadas nessa edição, repleta de memórias.
Primeira edição na pandemia
A primeira edição de Black Don’t Crack aconteceu em 2022 e contou com a presença de artistas e ativistas LGBT+ da Baixada Santista. Em decorrência da pandemia, o evento foi realizado de forma online, e cada participante ‘fez a live’ de sua casa, utilizando seus próprios equipamentos e recursos da produção.
Além das performances de arte drag e poesia (gravadas em estúdio, locação ou feitas ao vivo) a iniciativa trouxe bate-papos sobre temas que dialogam com o olhar interseccional do Coletivo Marsha, comprometido integralmente com as pautas raciais e com as discussões de classe e gênero.
“Dessa vez, teremos contato direto com o público, e isso gera um anseio. O festival é composto por artistas pretos de diversos tons, gêneros e formas. A arte se disside na pluralidade, mas existem muitas particularidades que nem todas as classes interpretam de forma absoluta, e gerar um espaço digno de destaque pra corpos marginalizados é muito satisfatório”, conta a artista Ariella Plin sobre seu retorno ao Black Don’t Crack.
A Vila do Teatro fica na Praça dos Andradas, 35, ao lado do Terminal Valongo e Rodoviária de Santos. Mais informações sobre o evento e a programação completa em https://www.instagram.com/coletivo_marsha.
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