Neste domingo (13), a partir das 10h, o Parque Linear, em Cubatão, recebe uma atividade que incentiva jovens e adultos a espalhar arte por todos os cantos. Com as técnicas do grafite — um dos principais elementos do Hip-Hop. Manifestação cultural revolucionária originada nas periferias dos Estados Unidos, territórios constituídos majoritariamente por pessoas negras e latinas.
Trata-se de uma intervenção do projeto “Do Cordel ao Hip-Hop”,. Idealizado pela professora de História, arte-educadora e realizadora cultural Helicleia Ribeiro, a realização é através do Edital ProAC nº 14/2024 (Eixo Fortalecimento da Cultura Hip-Hop), com o aporte da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativa do Governo do Estado de São Paulo.
Dessa maneira, o evento gratuito e aberto ao público geral, terá as artistas e grafiteiras Laila, Laisa e Vevss que farão um mural coletivo no local, a partir de suas criações autorais. Com foco no protagonismo de mulheres e pessoas LGBTI+ neste movimento marcado pela forte presença masculina.
Protagonismo
“Essa é a minha vivência do dia a dia. Eu acho que esse lance [da predominância masculina] dentro da cultura Hip-Hop — assim como em outras culturas, não só do underground — são um pouco limitantes. ‘As mina’, ‘as mona’, essa galera que sempre é passada pra trás por conta do machismo e da misoginia… A gente sempre tá no corre, e quando a gente gosta de alguma coisa, quer aquilo, a gente sempre dá um jeito de fazer acontecer. É instintivo e a gente é selvagem”. Conta a artista plástica e ilustradora Vevss.
Portanto, a sua relação com a arte é visceral e, em suas criações, dá vida a personas coloridas em estado de meditação, utilizando a força simbólica do terceiro olho como expressão de consciência e sensibilidade, que exalta a potência feminina, a espiritualidade e a ancestralidade ao longo de sua caminhada como artista independente, mulher negra e mãe solo.
Nas encruzilhadas da vida e das ruas, arte e maternidade se encontram. Assim como Vevss, Laila também é mãe e mais uma artista que se comunica por meio do grafite e demais expressões. Estudante de Letras, atua em projetos de leitura para pessoas privadas de liberdade e é idealizadora do projeto “Shot de Leitura” — iniciativa que incentiva a leitura de autoras negras nas periferias de Santos.
“Estar na rua pintando é marcar um espaço de resistência e fortalecimento coletivo, para que outras pessoas possam se enxergar como sujeitos protagonistas da sua história e possam entender, também, a transformação que o coletivo pode mover a favor dos nossos direitos dentro da dinâmica de poder capitalista”, explica.
Sobre o evento
Aliás, na ocasião, o público terá a oportunidade de acompanhar o processo que transforma estruturas de concreto, gesso e massa corrida em verdadeiras obras de arte repletas de poesia, com o auxílio de tintas em spray e demais materiais utilizados na produção do grafite.
Neste cenário, a música também tem seu espaço: como parte dos elementos da cultura Hip-Hop, o DJ é peça fundamental para a difusão deste movimento, no qual as técnicas da mixagem se misturam ao talento destes profissionais — que são muito mais que “tocadores de playlist”. São a base para composições de rap, funk e suas vertentes, e dão o ritmo para a prática do Break, “a dança das ruas”.
Ronildo Marinho, mais conhecido como DJ Bebo, é representante ativo da cultura Hip-Hop desde 2015 e cofundador da Casa do Hip Hop de Cubatão. Ele acredita que o movimento tem o compromisso de resgatar vidas e que ser DJ também tem essa particularidade. “Me sinto honrado em fazer parte dessa cultura que me restaurou e tem me restaurado. Poder levar o som e a informação dessa vertente é um grande privilégio. Meu set vai ter bastante Cordel, Black Music e R&B. Vai ser lindo, é só colar”, finaliza.
Mais informações sobre o evento e demais ações do projeto, acesse o perfil: https://www.instagram.com/do_cordel_ao_hiphop/.
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