Um dos maiores nomes da música nacional, ouvido por milhares de brasileiros diariamente nas rádios do país, mesmo após mais de 100 anos de sua morte, este é o maestro Carlos Gomes.
Assim, sua trajetória profissional passa pelo continente europeu, como era comum à época, no entanto, fez seu nome no Brasil, em diversos estados do país.
Muito comum nos dias de hoje transformar paixões avassaladoras e amores em música, Gomes foi pioneiro e compôs uma ópera para sua amada em 1861.
QUEM FOI CARLOS GOMES?
Antônio Carlos Gomes nasceu em Campinas, a 11 de julho de 1836.
Teve infância marcada pela morte da mãe, brutalmente assassinada aos 28 anos e conviveu com a dificuldade do pai em criar os filhos
No entanto, ainda jovem demonstrou talento musical: aos 18 anos compôs sua primeira Missa e foi autor do Hino Acadêmico, com poesia de Bittencourt Sampaio.
Em 1859, matriculou-se no Conservatório de Música, onde estudou contraponto com Gioachino Giannini.
Dessa forma, em 1861, após compor a célebre modinha Quem sabe?, em homenagem à sua namorada Ambrosina Correia Lago, aperfeiçoou-se durante quatro anos na Europa.
Foi autor de diversas óperas importantes, entre elas O Guarani, Salvador Rosa, Maria Tudor e Lo Schiavo, consolidando-se como a maior figura do romantismo musical brasileiro na segunda metade do século XIX, conquistando o apreço da corte imperial.
Nomeado em 1895 diretor do Conservatório de Belém, no Pará, já bastante enfermo, faleceu naquela capital em 16 de setembro de 1896. Apesar de seu talento reconhecido, Carlos Gomes morreu pobre.
HOMENAGENS SANTISTAS
Seu corpo foi embalsamado para resistir à longa viagem de navio até Santos e, de lá, até Campinas.
Assim, o traslado durou quase 40 dias, chegando a Santos no dia 21 de outubro de 1896, a bordo do transporte Itaipu.
Dessa forma, durante sua permanência na cidade, Carlos Gomes recebeu emocionadas homenagens.
Seu corpo foi conduzido em procissão até a Igreja do Carmo, com a banda musical do 3º Batalhão da Brigada Policial.
Foi realizada, às 18 horas daquele dia, uma sessão in memoriam no Teatro Guarani, onde foi tocada sua ópera mais famosa, O Guarani, motivo do nome do próprio teatro.
O caixão pesava em torno de 600 quilos e foi levado à mão até o catafalco construído na igreja (algo semelhante ao que é feito com Papas mortos).
Dessa forma, ali permaneceu por três dias e cerca de três mil pessoas participaram das homenagens fúnebres.
O cortejo percorreu as ruas da cidade – Praça da República, Rua Senador Feijó, Rua e Largo do Rosário (atual Rua João Pessoa e Praça Ruy Barbosa), travessa de Santo Antônio (atual Rua do Comércio) e Rua XV de Novembro – até o Convento do Carmo.
Durante sua passagem por Santos, foi feita uma máscara mortuária do maestro, como registro de sua existência.
Anos depois, esse objeto foi doado ao Instituto Histórico e Geográfico de Santos, onde permanece até hoje.
O corpo de Carlos Gomes deixou Santos no dia 24 de outubro em uma composição da São Paulo Railway, com destino à capital paulista. Após mais um dia em São Paulo, seguiu para Campinas, onde foi sepultado.
A VOZ DO BRASIL
Criado por Armando Campos, inicialmente com o nome de Programa Nacional, estreou em 22 de julho de 1935.
Dessa forma, o melhor amigo do presidente Getulio Vargas visava divulgar na rádio os principais acontecimentos do cotidiano do Brasil.
Assim, abertura do programa era feita com a ópera “O Guarani”, de Carlos Gomes.
Em 3 de janeiro de 1938, o Programa Nacional é renomeado para Hora do Brasil, e passa a ser retransmitido obrigatoriamente por todas as emissoras de rádio do país, somente com a divulgação dos atos do Poder Executivo, entre 19h e 20h.
Foi a partir desta mudança que nasceu o dito popular “Não está nem aí para hora do Brasil”, utilizado para pessoas que não estão preocupadas com nada. Outro fato do imaginário popular também se dá por esta mudança, sempre quando as transmissões começavam, o locutor falava a frase que se tornou o marco: “Na Guanabara, 19 horas…” (substituída para “Em Brasília, 19 horas”, com a mudança da capital).
ERA VARGAS
Neste período, o programa foi utilizado por Vargas para fazer propaganda e campanha de seu governo.
Em 1962, a segunda meia hora do programa passou a ser ocupada pelo poder Legislativo e posteriormente o poder Judiciário passou a ocupar os últimos 5 minutos de programa.
Assim, em 1972 o clássico tema de abertura é substituído pelos primeiros acordes do Hino da Independência.
Com isso, uma nova fase ao programa deixa o cenário político de lado e foca em notícias policiais e de esportes.
Portanto, com o fim da Ditadura Militar, em 1985, o programa volta ao seu formato original, retomando a clássica abertura do Guarani.
Em 1995, A Voz do Brasil entrou para o Guiness Book como o programa de rádio mais antigo do Brasil.
Em 2014 e 2016 a flexibilização do seu horário de transmissão se deu apenas durante Copa do Mundo e Olimpiadas no Brasil.
No entanto, apenas em 2018 o presidente Michel Temer sancionou a lei que permitiu a flexibilização do programa entre 19h e 22h e em 2020 foi autorizado a não transmissão do programa em casos de acontecimentos de forte repercussão pública.
A RUA
Ligando o bairros Campo Grande e Marapé, com cerca de 1,33km, Carlos Gomes passou a nomear a então Rua 136 A em 16 de fevereiro de 1921, pela lei 641 sancionada pelo prefeito Belmiro Ribeira.
Na Baixada Santista, apenas Bertioga, Guarujá e Mongaguá não homenageiam o maestro.