O Santos Futebol Clube deu um passo importante na direção de uma possível reestruturação administrativa. Na última terça-feira (9), a Vila Belmiro recebeu cerca de 80 conselheiros para uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo, com foco na discussão inicial sobre a adoção do modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF).
Organizado por iniciativa de Celso Pires, integrante da Comissão de Estatuto, o encontro teve como objetivo apresentar e debater propostas para flexibilizar o atual regimento do clube. Hoje, o estatuto limita a venda do departamento de futebol a 49%, mantendo o controle majoritário (51%) com a associação civil. A proposta, portanto, visa abrir caminho para futuras negociações com investidores.
“O que estamos propondo é uma mudança estrutural que permita ao clube se modernizar sem perder sua essência. Não há decisão tomada, apenas o início de um debate necessário”, afirmou Pires.
Diretoria mantém cautela, mas sinaliza abertura
Apesar do debate interno, a diretoria do Santos garantiu que ainda não recebeu nenhuma proposta formal de compra ou parceria. O presidente Marcelo Teixeira reforçou o compromisso com a transparência e destacou que qualquer alteração passará pelo Conselho Deliberativo e por uma Assembleia Geral dos sócios.
“Nada será decidido de forma unilateral. Estamos apenas discutindo possibilidades e alternativas para o futuro”, declarou Teixeira.
SAF focaria apenas no futebol
A eventual mudança não colocaria fim ao modelo associativo tradicional. A ideia é criar a SAF exclusivamente para o futebol profissional e categorias de base, mantendo os bens do clube – como a Vila Belmiro e o CT Rei Pelé – sob administração da entidade associativa.
Além disso, a proposta inclui cláusulas de proteção contratual, com o objetivo de garantir limites aos investidores e preservar a identidade do clube. O modelo já foi adotado por outros times brasileiros, como Vasco, Botafogo e Cruzeiro, embora com resultados e estruturas distintas.
Santos fecha com XP para estudo de viabilidade
Em maio, o clube fechou uma parceria com a XP Investimentos. A empresa ficará responsável por avaliar o valor de mercado do Santos, estudar cenários financeiros e mapear possíveis investidores. A medida foi bem recebida por parte da torcida e do Conselho, que veem na profissionalização da gestão uma saída para a crise prolongada.
Internamente, há consenso sobre a necessidade de mudanças profundas. No entanto, os debates seguem divididos entre cautela e urgência. Enquanto a oposição teme a perda de autonomia, outros conselheiros acreditam que a SAF pode ser a única alternativa real para resgatar o protagonismo do clube.
Caminhos abertos para o futuro
Mesmo sem decisões concretas, o movimento já indica um novo momento para o Santos. A abertura do diálogo sobre o modelo SAF marca uma possível virada de página na gestão do futebol, com foco na modernização, equilíbrio financeiro e retomada de competitividade.
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