Recentes pesquisas revelam que a segurança pública é, pela primeira vez, a principal preocupação da população, superando na lista de prioridades as áreas de saúde e educação.
Não é para menos. Banalizados pelo estímulo de legislações condescendentes, a prática de crimes – muitos deles acompanhados de violência extrema -, alterou a rotina cotidiana dos brasileiros, cada vez mais temerosos e acuados diante na omissão das autoridades públicas.
Ocupando posições estratégicas e, na maioria das vezes, dispondo de modernas armas e sistemas de informação, os criminosos demonstram audácia nunca vista e a firme disposição de resistir à polícia, colocando em dúvida a real capacidade do Estado de recuperar a soberania nesses locais.
Ao promover pânico e terror junto à população, as quadrilhas passaram a delimitar fronteiras, impondo leis próprias nas áreas dominadas em regiões de favelas, com total desprezo às regras que normatizam a vida em sociedade.
Não é mais possível aceitar passivamente a continuidade dessa barbárie e, mais do que nunca, torna-se necessário promover ações enérgicas para colocar fim a esse domínio da criminalidade.
Fortalecidos pela negligência das administrações públicas, omissas no atendimento das demandas sociais básicas, traficantes e milicianos intimidam e subjugam moradores exigindo deles a proteção velada para obstruir e evitar a atuação policial.
Como se isso só não bastasse, o crime também tem prosperado em razão da inexistência de legislações mais rigorosas para a punição de criminosos, que sustentam decisões judiciais questionáveis por favorecerem mais os réus do que dar proteção às vítimas.
Essa contradição convalida a desconfiança de que o crime também já está inserido em esferas do poder constituído, pela prática recorrente de atos de corrupção nas esferas do judiciário e por meio do financiamento de candidatos para defender interesses nas esferas políticas.
Tamanho grau de organização e nível de ingerência na vida das comunidades impõe muito mais do que periódicas incursões policiais isoladas, método que se mostrou como mero paliativo diante da dimensão que o problema já alcançou.
Portanto, mais do que nunca se torna imperiosa a atuação do Congresso Nacional visando atualizar as legislações vigentes, para permitir que o combate à marginalidade se torne prioritário e mais eficaz.
A mobilização e união de esforços nas esferas municipais, estaduais e Federal é a única opção possível para vencer a guerra contra o crime organizado, que por certo contará com o apoio irrestrito da sociedade e, principalmente, das comunidades obrigadas a viver sob o fogo cruzado.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
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