Mais verde, menos concreto
Santos tem indicadores que a tornam uma ilha de excelência.
Em vários sentidos. Existem bairros com IDHs – Índice de Desenvolvimento Humano de padrão europeu, mas outros com níveis de terceiro mundo. Somos a cidade mais vertical do País – onde 2 em cada 3 santistas residem em prédios.
Dados do Censo IBGE.

Foto: Felipy Brandão/Arquivo
Ilhas de calor
Como reflexo, concentramos concreto, asfalto, veículos, aparelhos de ar condicionado ligados simultaneamente, enfim, condições que nos transformam em ilhas de calor.
Aliás, cenário que tem se tornado frequente nestes tempos – cada vez mais comuns – de alterações climáticas.

Proporção é de 700 veículos para cada 1000 santistas. Foto: Fernando De Maria/Arquivo
Veículos
Em uma cidade onde o cidadão vai até a padaria de carro muitas vezes e prédios são construídos com cada vez mais vagas nas garagens, os números mostram outro fato preocupante.
Temos 700 veículos para cada grupo de 1000 santistas.
Dados do Ministério dos Transportes.
São 289.683 (dados de dezembro passado), sendo 139.390 carros e 88.469 motos, entre outros.
Mais veículos, mais escapamentos, mais poluição.
Simples assim.
Adensando cada vez mais I
Passada a pandemia, Santos viu crescer de forma vertical – literalmente – o total de novas cartas de habitação expedidas – ou seja, após a conclusão da obra. Entre 2021 a 2024 (novembro), foram 405.
Em empreendimentos acima de 10 pavimentos, 40 (10% do total) – totalizando 670,4 mil m2 de área construída.
Adensando cada vez mais II
No mesmo período, receberam alvarás de aprovação (ou seja, autorização para início das obras), 52 empreendimentos, totalizando 1,066 milhão de m2 de área construída.
Para o alto
Portanto, nota-se um crescimento preocupante do avanço das torres de concreto, impossibilitando o escoamento da água em dias fortes de chuva, sem contar as bolhas de calor cada vez mais usuais.
A Rua Bolívar, no Boqueirão, é um exemplo.
Em poucos metros de distância, três novos empreendimentos de porte serão erguidos.
Casas já foram derrubadas.
Os jardins ficaram no passado.
Mais um caso
Antes do Carnaval, o CMDU – Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano (foto acima – Divulgação) aprovou por 19 a 10 votos a mudança da ZEIs – Zona Especial de Interesse Social de duas áreas adquiridas por uma empresa da construção civil local junto ao Governo Federal, na gestão anterior, na Avenida Ana Costa, na Vila Mathias.
O objetivo é alterar a finalidade da área, originalmente prevista para habitação social, visando a construção de novos empreendimentos no local.
O processo segue para a Comissão de Zonas Especiais de Interesse Social e, depois, à Câmara.

Pompeia: quase 25 mil pessoas morando em cada km2. Foto: Felipy Brandão.
A título de curiosidade
Na Pompeia moram quase 25 mil pessoas/km2.
Na Ponta da Praia, 19,5 mil/km2. No Boqueirão, 19 mil/km2.
Só para citar alguns exemplos. Dados, aliás, do IBGE.
Reflexão e ação
Ninguém é contra o desenvolvimento e a geração de empregos, mas de forma sustentável.
Existem técnicas para incluir mais verde e menos cinza nas cidades.
Assim, basta colocar em prática.
Aliás, a prefeitura estima plantar mais 10 mil árvores até 2018.
No entanto, mudas demoram para crescer…
E não compensam a derrubada desenfreada de espécies que levam décadas para garantir sombra, frescor e melhor qualidade do ar.

Rua Luiz de Camões, onde passa o VLT. No lugar de árvores, concreto. Foto: Fernando De Maria/Arquivo
Aridez
Aliás, até as obras da segunda fase do VLT abadonaram o verde.
Basta percorrer ruas como a Luiz de Camões e Campos Melo. Triste
Quem responde?
Afinal…
qual a cidade que os santistas querem para hoje e para seus descendentes no futuro?
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