Os jogos de apostas, as conhecidas bets, representam um risco sério para os jovens.
Dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública mostram que adolescentes de 14 a 17 anos estão acessando sites ilegais e são o grupo mais vulnerável, com 55% dos apostadores dessa faixa etária com algum grau de risco ou transtorno relacionado ao vício.
Outra pesquisa aponta que quase metade do total que acessa as bets são jovens de 19 e 29 anos, a maioria das classes C, D e E.
Um terço dos apostadores está endividado, segundo o levantamento citado na coluna Painel, da Folha de S. Paulo.
Números tão preocupantes revelam que não só os pais, mas toda a sociedade, devem ter atenção redobrada.
Que alternativas de futuro a sociedade tem apresentado, ou deixado de apresentar, às novas gerações? O que faz com que os jovens, especialmente os pobres, apostem nessas plataformas?
Sabemos que essas gerações nascem com a tecnologia e as telas nas mãos e são alvos do marketing pesado das bets.
Precisamos interromper esse ciclo de pobreza e trazer perspectivas de futuro, ampliação de escolaridade, oportunidades de acesso ao ensino superior ou técnico, com políticas públicas e, com isso, empregos de melhor qualidade, e não apenas a inserção na informalidade ou na mão das apostas, afastando-os da escola.
Dados recentes e alarmantes do IBGE revelam a desesperança de parte significativa da juventude brasileira.
Hoje, mais de nove milhões de jovens entre 15 e 29 anos não estudam nem trabalham. Esse número supera o de jovens que estudam ou trabalham.
A pesquisa também acende um alerta para o país: o número de jovens que optam pelo ensino superior é ainda pequeno, diante das metas a alcançar do Plano Nacional de Educação.
O cenário seria ainda mais grave sem a alternativa da educação a distância.
Os cursos presenciais, por sua vez, enfrentaram uma queda de matrículas, mas recentemente voltaram a crescer, a partir dos alunos ingressantes (calouros).
Vivemos um paradoxo: jovens hiperconectados, mas muitas vezes emocionalmente isolados, presos entre quatro paredes e uma tela.
Precisam de estímulos, de reconhecimento, de uma rede de apoio que compreenda suas dores e seus potenciais.
Muitos enfrentam barreiras objetivas, como falta de tempo e recursos, mas outros, mesmo tendo condições, ainda optam por caminhos distantes da educação. A educação sempre enfrentará grandes desafios.
É a força transformadora da educação que pode preparar nossos jovens para cuidar de si, dos outros e do mundo.
Porque é pela educação que poderemos, juntos, aliviar as dores do presente e construir os caminhos para um futuro mais justo.
As relações que os estudantes desenvolvem no ambiente educacional são profundamente transformadoras.
Professores, colegas e a própria instituição podem e devem abrir novas perspectivas para a vida profissional, o futuro e o autoconhecimento dos alunos.
Aprender é um exercício que vai além dos conteúdos curriculares: envolve uma formação integradora, que alinhe expectativas e realidade, conectando os jovens aos temas atuais e aos valores que farão a diferença em sua trajetória.
Iniciativas que promovem protagonismo, escuta ativa, esportes, mentorias com estudantes mais experientes e uso adequado da tecnologia são estratégias poderosas para atrair e manter os jovens na escola, mas é fundamental que as ações estejam ancoradas em ambientes acolhedores, diversos e respeitosos.
Lúcia Teixeira é presidente do Semesp e da Unisanta
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