Dois processos, de números 176/2025 e 182/2025, abrem a possibilidade dos 21 vereadores da Câmara de Santos contaram com veículo e motorista para a realização das suas atividades parlamentares no Município.
O benefício poderá voltar a ser oferecido após a conclusão dos dois pregões eletrônicos a serem lançados, cuja previsão de término é para agosto.
Os dados estão previstos no Plano de Contratação Anual 2025, disponível no site da Câmara (leia mais aqui).
Ambos estão listados como prioridade ALTA.
O Boqnews apurou que alguns vereadores já foram contatados se concordariam ou não com o benefício.
A decisão, portanto, seria individual – não obrigatória para todos, mas apenas para quem aceitar a benesse.
Assim, o primeiro contrato prevê a locação de automóveis, com a contratação de motorista particular, cujo valor estimado do gasto é de R$ 3.151.544,76.
Outro refere-se ao fornecimento de combustível para automóveis, por cartão magnético, para transporte oficial.
Apenas neste item, a previsão de gastos chega a R$ 464.940,00.
Assim, o valor total estimado para ambos os pregões chega a R$ 3,616 milhões – algo em torno de R$ 172,2 mil de despesa pública por vereador/ano.
Na hipótese de todos os 21 aceitarem a benesse, o custo mensal estimado será de R$ 14,3 mil por edil – ou R$ 478 gastos diariamente apenas para bancar o deslocamento dos representantes da população em solo santista.
Atualmente, os vereadores utilizam veículos próprios – ou locados pessoalmente – para a realização de suas atividades parlamentares.
No ano passado, os representantes da legislatura passada votaram pelo aumento dos vencimentos de R$ 9.938,94 para R$ 18.867,82 brutos, além da inclusão do 13º salário – uma novidade.
Volta ao passado
Caso seja aprovada, a medida remete a um benefício retirado há mais de 30 anos.
A última vez que os edis tiveram à disposição veículos públicos para locomoção ocorreu no início dos anos 90, quando chegou-se a fazer um leilão de carros da Câmara realizado em plena Praça Mauá na gestão do então presidente Gilberto Tayfor (1991-1992).
A medida, porém, foi mais midiática do que prática.
Na época, a Câmara de Santos disponha de quase mil pessoas, algumas, inclusive, trabalhando no exterior.
Um verdadeiro festival de desperdício de recursos públicos.
Hoje, muito dos aposentados mantidos pelo Iprev – Instituto de Previdência ganham valores de aposentadorias e pensões acima até de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) graças ao festival de benesses existente na ocasião.
Reportagens na época apontavam que se todos os servidores da Câmara fossem trabalhar ao mesmo tempo não haveria espaço físico para abrigá-los.
Entre 1993/1994, a ex-secretária de Educação e vereadora eleita Maria Lúcia Prandi (PT) assumiu o Legislativo, sendo a primeira mulher a ocupar o cargo na Casa.
Ela fez uma administração moralizadora, acabando com boa parte das benesses e penduricalhos existentes.
Porém, limitada às questões legais, que perduram até hoje como consequência junto aos servidores inativos e pensionistas.
Outro exemplo
Enquanto a Câmara discute a possibilidade de contratação de carros com motorista, incluindo gastos com combustível, a Prefeitura de Santos seguiu com uma alternativa criativa.
Atualmente, a Prefeitura dispõe de um contrato de locação de veículos para atender aos serviços municipais e às secretarias, de acordo com a necessidade de cada setor.
“Mas, como alternativa, há a possibilidade de transporte por aplicativo, para dar mais celeridade e eficiência às demandas da população e da Administração”.
Desde abril de 2023, a Prefeitura implantou a possibilidade de que funcionários públicos no exercício da função utilizem aplicativo de transporte na Administração Municipal.
A previsão na ocasião é que a economia fosse de R$ 400 mil por ano.
A Reportagem do Boqnews contatou a assessoria de Comunicação da Câmara na última quarta-feira pela manhã, mas até o momento do fechamento não obteve resposta.
Caso enviado, colocaremos o conteúdo enviado no texto.
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