Dezembro concentra algumas das refeições mais simbólicas do ano. As ceias de Natal reúnem receitas tradicionais, sabores marcantes e preparos variados, o que também abre espaço para explorar diferentes harmonizações com vinho. A escolha adequada da bebida pode valorizar os pratos e tornar a experiência à mesa mais equilibrada e prazerosa.
Segundo Thamirys Schneider, sommelière da Wine, a diversidade cultural brasileira influencia diretamente esse processo. “O desafio de indicar vinhos para as ceias no Brasil está no fato de sermos um país continental, com práticas regionais, modos de preparo distintos e uma grande variedade de temperos”, explica. “Na harmonização, além do ingrediente principal, é essencial considerar o tipo de preparo, as especiarias utilizadas e a intensidade do prato.”
Pratos à base de bacalhau e peixes mais intensos
Tradicional em muitas ceias, especialmente no Sudeste, o bacalhau apresenta sabor marcante, textura firme e maior intensidade, características que pedem vinhos com boa estrutura. Brancos mais encorpados costumam funcionar bem, assim como tintos leves, de taninos delicados e acidez elevada.
Preparos com maior presença de azeite, natas, legumes ou longos períodos de forno aumentam a untuosidade do prato e pedem vinhos igualmente estruturados. Essa lógica também se aplica a outros peixes de sabor intenso e carne firme, como atum, pirarucu e tambaqui.
Carnes assadas com molhos encorpados
Carnes que passam por marinadas longas e preparo prolongado no forno ganham complexidade e concentração de sabores. Para esses casos, a recomendação são vinhos tintos mais encorpados, com taninos presentes, boa acidez e, preferencialmente, passagem por barrica.
Castas como Cabernet Sauvignon, Malbec, Syrah, Nebbiolo e Sangiovese, além de rótulos de regiões tradicionais como Bordeaux, Toscana e Mendoza, costumam acompanhar bem esse perfil de prato.
Aves assadas
Peru, chester e outras aves são presença quase obrigatória na ceia natalina. Por terem carnes mais delicadas, permitem maior flexibilidade na harmonização. Vinhos brancos mais estruturados, rosés ou tintos leves tendem a funcionar bem, inclusive quando a refeição inclui carnes suínas, como o tender.
Rosés, em especial, se destacam pela versatilidade, combinando frescor, leveza e estrutura suficiente para acompanhar diferentes preparos.
Acompanhamentos variados
Saladas, farofas, arroz com passas, salpicão e outros pratos sem proteína animal ampliam ainda mais a diversidade de sabores da ceia. Nesses casos, o vinho rosé seco aparece como uma escolha curinga, justamente por equilibrar frescor, leve estrutura tânica e boa adaptação a diferentes combinações.
Espumantes rosé brut também cumprem bem esse papel, ajudando a limpar o paladar e mantendo a leveza da refeição.
Harmonização de sobremesas
Sobremesas tradicionais como rabanada, pudim, manjar, panetone, pavês e doces à base de frutas pedem atenção especial. A principal regra é equilibrar o nível de doçura: vinhos doces ou levemente adocicados tendem a harmonizar melhor com sobremesas açucaradas.
Para doces com chocolate, vinhos fortificados ou tintos adocicados são boas opções. Já sobremesas mais leves e frutadas combinam melhor com brancos, rosés ou espumantes doces, sempre com boa acidez para equilibrar o açúcar e evitar enjoar.