Entenda os riscos das substâncias presentes nos esmaltes em gel

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O brilho duradouro e a praticidade dos esmaltes em gel realmente transformaram os cuidados com as unhas, mas nem sempre aquilo que parece seguro no uso cotidiano está livre de questionamentos.

Recentemente, a Anvisa determinou a proibição de dois compostos empregados nesse tipo de formulação — o TPO (óxido de difenil [2,4,6-trimetilbenzol] fosfina) e o DMPT (N,N-dimetil-p-toluidina). Assim, após estudos sugerirem que o primeiro pode apresentar efeitos tóxicos sobre a reprodução prejudicando a fertilidade e o segundo pode estar associado a risco carcinogênico em humanos.

Aliás, essa medida segue a orientação de agências regulatórias europeias e reforça a importância de uma vigilância contínua sobre os ingredientes utilizados em cosméticos. Especialmente aqueles que envolvem processos fotoquímicos de cura por luz UV ou LED.

Fotoiniciadores

Dessa maneira, o Conselho Federal de Química (CFQ) explica que essas substâncias atuam como fotoiniciadores. Ou seja, compostos químicos que reagem à luz ultravioleta (UV) ou LED para promover o endurecimento do esmalte e conferir o acabamento resistente característico dos produtos.

Esse processo, conhecido como fotopolimerização, é uma tecnologia amplamente empregada na indústria de cosméticos e, em condições controladas, tende a ser segura. No entanto, em procedimentos realizados sem controle técnico adequado — como aplicações domésticas ou com equipamentos de baixa potência — há a possibilidade de cura parcial do material. Assim, poderia resultar na permanência de traços de substâncias sem reagir na superfície do produto. Essa possibilidade reforça a necessidade de uso profissional e regulamentação para garantir segurança tanto ao consumidor quanto aos aplicadores.

Em pequenas quantidades ou usos ocasionais, o risco tende a ser baixo. Contudo, a exposição repetida ou prolongada, especialmente entre profissionais que manipulam esses produtos com frequência, pode representar um potencial efeito cumulativo no organismo.

Por isso, o CFQ reforça a importância de boas práticas de segurança, como o uso de equipamentos de proteção, ventilação adequada e respeito às normas sanitárias. Tanto para profissionais quanto para consumidores.

Orientações

-Verificar a regularidade dos produtos junto à Anvisa antes da compra ou aplicação;
-Evitar o uso de esmaltes em gel de origem desconhecida ou sem informações claras sobre a composição;
-Utilizar equipamentos de proteção individual (EPIs), como luvas e óculos, durante o preparo e a aplicação;
-Manter o ambiente ventilado, reduzindo a exposição a vapores e odores;
-Optar por formulações que utilizem fotoiniciadores de menor potencial tóxico, disponíveis no mercado e em conformidade com as normas vigentes.

Essas recomendações reforçam o compromisso do CFQ com a segurança química, a educação profissional e a proteção da saúde coletiva, em consonância com as diretrizes estabelecidas pela Anvisa.

A Química é a base do desenvolvimento e do controle de qualidade dos cosméticos, garantindo que cada formulação atenda a padrões rigorosos de segurança e conformidade regulatória. O exercício profissional qualificado e o uso responsável das substâncias químicas são indispensáveis para proteger a saúde humana e preservar o meio ambiente.