A obesidade é considerada um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, pois provoca alterações metabólicas, hormonais e inflamatórias que afetam diretamente o coração.
“Os principais riscos para a saúde cardiovascular incluem hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes mellitus tipo 2, resistência insulínica, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, arritmias e apneia do sono. A obesidade não só aumenta a probabilidade de desenvolver fatores de risco clássicos, como também gera efeitos diretos no coração”, explica a especialista Fernanda Douradinho, médica cardiologista pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Nos últimos anos, o uso das chamadas canetas para emagrecimento tem ganhado espaço, e os estudos apontam benefícios também para o coração. “Essas medicações não apenas auxiliam na perda de peso, mas também apresentam impactos positivos no sistema cardiovascular, como a redução do risco de infarto e AVC, melhora do controle glicêmico, diminuição da pressão arterial e redução da sobrecarga cardíaca”, afirma a especialista.
Estudo
Um estudo apresentado no domingo, 31/08, durante a reunião anual da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC, na sigla em inglês) — evento que reúne mais de 30 mil especialistas em Madri — com pacientes que apresentam obesidade e doença cardiovascular, mostrou que o medicamento Wegovy (semaglutida 2,4 mg), da farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, reduziu em 57% o risco de acidente vascular cerebral (AVC), infarto ou morte.
Apesar disso, a médica reforça que o check-up cardíaco é essencial antes de iniciar qualquer tratamento. “Muitos pacientes já apresentam fatores de risco como hipertensão, diabetes, dislipidemia ou tabagismo. Identificar essas condições ajuda a individualizar a prescrição e acompanhar de perto. Além disso, podemos detectar doenças silenciosas, como arritmias ou doença coronariana, que podem estar presentes sem sintomas. O check-up garante segurança, eficácia e personalização no tratamento”, pontua.
Do ponto de vista cardiológico, o uso das canetas pode ser considerado seguro e até benéfico em situações específicas. “Pacientes com sobrepeso ou obesidade e risco cardiovascular aumentado, como hipertensos, diabéticos ou pessoas com histórico familiar de doença cardíaca, costumam se beneficiar do tratamento. Na maioria dos casos, quando usado sob acompanhamento médico, o medicamento é seguro e protetor para o coração”, destaca.
A especialista ressalta ainda que a obesidade deve ser encarada como uma doença que vai além do excesso de peso. “Ela é uma condição inflamatória que altera hormônios, metabolismo e sobrecarrega o coração. O risco não está apenas no IMC alto, mas também na distribuição da gordura, especialmente a abdominal, que aumenta as chances de infarto e insuficiência cardíaca. As canetas atuam no metabolismo e têm eficácia comprovada em reduzir fatores de risco cardiovascular, mas é fundamental que o tratamento esteja aliado a hábitos de vida saudáveis e acompanhamento multiprofissional”, conclui Fernanda.
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