Amor e misericórdia | Boqnews
Brian Wilson. Foto: Reprodução/Redes Sociais

Opiniões

18 DE SETEMBRO DE 2025

Amor e misericórdia

Adilson Luiz Gonçalves

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

Brian Wilson nos deixou recentemente.

Quem era esse cara?

Era “apenas” a alma do grupo Beach Boys, ícone musical dos anos de 1960, que era muito mais do que uma turma de garotos de praias californianas, que entremeava suas apresentações com passeios de “skate” pelo palco.

Brian era considerado um gênio e suas composições são temas de filmes e publicidades até hoje.

Consta que Paul McCartney teria afirmado que gostaria de ter composto “God only knows”, música que fechou de forma emocionante o filme “Simplesmente amor”, de 2003.

Brian foi um dos convidados para abrilhantar o Jubileu de Ouro da Rainha Elizabeth II, em 2002.

Sua genialidade foi do apogeu ao fundo do poço mais profundo, como foi muito bem descrito no filme “The Beach Boys – Uma História de Sucesso”, de 2014.

“Love & Mercy” (Amor e misericórdia) é a música que encerra essa cinebiografia, com uma mensagem que, como a maioria de suas obras, é atemporal.

Mais do que isso, ela cabe perfeitamente nos dias atuais, em que o ódio vem numa perigosa escalada assimétrica, que coloca o mundo em risco semelhante aos que geraram os piores conflitos da história da humanidade.

Ideologias radicais têm se transformado num ópio que torna a racionalidade um risco de morte, e a tolerância um discurso vazio, negado em pensamentos e atos.

O ódio está evidente em aparências, em provocações gratuitas, em coações e opressões por toda a parte, corrompendo a juventude com ranços de toda a espécie, sustentando quem vive e se nutre dele.

Amor e misericórdia parecem palavras desconhecidas ou, no mínimo, distantes, coisa de outro mundo.

Ódio e rancor, mais do que latentes, estão evidentes, ervas daninhas semeadas com o zelo da inconsequência ou da intencionalidade diabólica.

Brian Wilson, num tempo em que teve seus medos e incertezas semelhantes, falou da violência nunca vencida; de notícias de sofrimento de muitas pessoas e da injustiça da solidão, para afirmar que amor e misericórdia eram precisos. Fez eco aos Beatles, que também concluíram que amor é tudo o que precisamos.

O que se vê, infelizmente, é que está cada vez mais difícil amar e, mais ainda, ter misericórdia ou perdoar.

A ternura não tem passado de falácia e a misericórdia tem sido expressa em tiros.

O que quem defende extremismos pretende de bom para a humanidade?

Podem até acreditar no que defendem, mas ignoram que, nesse processo, todos sempre serão vítimas em algum momento, pois as vitórias serão efêmeras, mantidas de forma violenta e desumana, que o amor, a misericórdia e o perdão talvez nunca sejam suficientes para curar as feridas e sequelas deixadas.

Mas Brian acreditava que sim, Lennon, também, e alguém muito mais elevado do que eles, viveu e morreu por isso!

 

Adilson Luiz Gonçalves é escritor, engenheiro, pesquisador universitário e membro da Academia Santista de Letras

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.