Com a chegada do outono e do inverno, o número de infecções respiratórias costuma aumentar. Isso acontece porque o frio favorece a circulação de vírus, enquanto a imunidade das pessoas tende a cair. Gripe, Covid-19 e o vírus sincicial respiratório (VSR) são os principais vilões desse período.
Baixa adesão à vacina preocupa especialistas
Mesmo com campanhas de vacinação ativas, muitas pessoas do grupo de risco ainda não procuram a imunização. Idosos, crianças, gestantes e puérperas são mais vulneráveis a complicações, mas muitas vezes não buscam as doses disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Por isso, os casos graves aumentam, e com eles as internações.
Um dos quadros mais perigosos é a Síndrome Respiratória Aguda Grave. Ela pode ser causada por diversos vírus, como a gripe (influenza), a Covid-19 (SARS-CoV-2) e o próprio VSR. Entre eles, o VSR tem chamado atenção pelo impacto nos bebês.
Imunização da gestante protege também o bebê
Desde fevereiro de 2025, o SUS oferece a vacina bivalente contra o VSR para gestantes entre a 32ª e a 36ª semana de gravidez. A aplicação é feita em dose única. A ginecologista e obstetra Ana Carolina Massarotto explica que, ao vacinar a gestante, o bebê também é beneficiado. Isso porque os anticorpos são transferidos pela placenta e ajudam a proteger o recém-nascido nos primeiros meses de vida.
Dessa forma, a imunização cria uma barreira contra doenças como bronquiolite e pneumonia — especialmente perigosas durante os meses frios.
Doença grave em bebês e alta taxa de internação
De acordo com o Ministério da Saúde, o VSR é responsável por cerca de 80% dos casos de bronquiolite e até 60% das pneumonias em crianças com menos de dois anos. Em São Paulo, estima-se que uma em cada 50 crianças infectadas pelo VSR precise ser internada durante o primeiro ano de vida.
Enquanto isso, em cidades como Campinas, a vigilância de saúde já mostra aumento de infecções respiratórias em crianças de até dois anos durante os meses de maio e junho.
Vacina no SUS é direito das gestantes
A médica Isabela Simionatto destaca que a inclusão da vacina contra o VSR no SUS é uma vitória para a saúde pública. “A vacina agora é um direito das gestantes e uma forma eficaz de prevenir complicações logo no início da vida do bebê”, afirma.
Além disso, dados do fabricante indicam 82,4% de eficácia na prevenção de casos graves nos três primeiros meses de vida e 70% até os seis meses. Com isso, espera-se reduzir emergências, internações e até mortes.
Prevenção que faz a diferença
Ana Carolina Massarotto reforça: “É muito difícil para uma família acompanhar a internação de um recém-nascido. Especialmente para uma puérpera, esse é um momento já sensível”. Por isso, a recomendação é clara: toda gestante deve buscar o imunizante e fazer da vacina uma aliada na proteção de seu bebê.