Na quinta-feira (1°), comemorou-se o Dia do Trabalho. Desse modo, vale mencionar que com os avanços tecnológicos, principalmente com a chegada da inteligência artificial, já observa-se algumas profissões futuras e algumas que estão em processo crescente de extinção.
Profissões
Segundo o professor universitário e economista, Luciano Simões, as profissões do futuro envolvem a área tecnológica, como profissionais especialistas em inteligência artificial e machine learning, analista de dados e cientista de dados, especialista em cibersegurança, consultor financeiro digital/patrimonial e profissional de ESG (ambiental, social e governança). Por sua vez, algumas que tendem a encolher são operador de telemarketing, caixas de supermercado, digitador, trabalhador de triagem postal e agente de viagens tradicional.
Mudanças
O economista também comenta sobre como a automação e as novas tecnologias estão impactando o mercado de trabalho e algumas profissões que têm mais risco de extinção devido a esses avanços.
“A automação está substituindo atividades repetitivas, mecânicas e de baixa complexidade, provocando uma realocação da força de trabalho. Profissões com maior risco de extinção incluem operadores de máquinas, caixas, assistentes administrativos, motoristas de transporte padrão e atendentes de call center.”
Simões menciona que os fatores determinantes para o surgimento de novas profissões ocorrem com os avanços tecnológicos, envelhecimento populacional, mudanças climáticas e transformações no comportamento do consumidor. Assim como, áreas como tecnologia, saúde, finanças, educação digital e sustentabilidade devem liderar a criação de novas profissões.
Competências
Dessa forma, ele cita algumas competências essenciais para os profissionais se manterem relevantes no futuro incluem o pensamento crítico, adaptabilidade, domínio de ferramentas digitais, capacidade analítica, inteligência emocional e comunicação interpessoal. Além disso, a aprendizagem contínua será um diferencial decisivo.
Ele também acredita que a educação superior precisa passar por uma transformação para preparar os alunos para as novas demandas do mercado de trabalho. “A educação superior deve integrar mais disciplinas práticas, multidisciplinares e voltadas à resolução de problemas reais. Universidades devem investir em parcerias com o setor produtivo, metodologias ativas e formação empreendedora.”
Aliás, é importante pensar em como profissões relacionadas às áreas criativas, como arte, design e comunicação, podem evoluir com as novas tecnologias. “Essas áreas tendem a se expandir com o apoio de ferramentas digitais, como IA generativa e realidade aumentada. A criatividade humana permanece insubstituível, mas será potencializada por tecnologias que ampliam a capacidade de expressão, personalização e impacto.”
Home office
Um tema importante também no mercado de trabalho é o home office ou trabalho remoto, que ganhou força durante a pandemia. O economista comunica que a tendência do futuro é de consolidação parcial. Profissões ligadas à tecnologia, finanças, marketing digital, educação online e consultorias são naturalmente favorecidas pelo modelo remoto, que reduz custos e amplia o acesso a talentos.
Além disso, outro tema fortemente discutido é que com o avanço das tecnologias, algumas profissões podem ser substituídas por máquinas, mas também pode haver uma mudança na forma do trabalho humano. “O futuro do trabalho será híbrido: exigirá mais técnica e mais criatividade. A tecnologia assume as tarefas operacionais, liberando o ser humano para focar em inovação, estratégia e relações humanas. O profissional do futuro será, acima de tudo, um solucionador de problemas complexos”, enfatiza Simões.
Escala 6×1
Além disso, um debate discutido nos últimos anos é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que acaba com os seis dias de trabalho (6×1), protocolada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL). A proposta é reduzir a jornada de trabalho das atuais 44 para oito horas diárias e 36 horas semanais, o que equivale a quatro dias de trabalho e três dias de folga por semana.
A professora universitária e advogada especialista em Direito do Trabalho, Carmen Lúcia de Mello explica os pontos positivos e negativos do fim da escala 6×1. “Os pontos positivos que eu vejo com a proposta é que os trabalhadores poderiam contar com folgas mais distribuídas ao longo da semana ou com finais de semana livres em alternância, melhorando seu descanso e recuperação física e mental. Trazendo equilíbrio entre vida pessoal e profissional, algo essencial para a saúde mental do trabalhador”, crê.
“Como consequência, isso potencializa o rendimento dos funcionários no horário de trabalho, o que é vantagem para o empregador.”
Assim, um empregado que tem mais tempo com a família e convívio social, tempo para se especializar em outras carreiras ou até na atual será um colaborador melhor.
“Esse raciocínio foi o mesmo utilizado para chegarem à conclusão de que o funcionário precisava de férias anuais ou mesmo a redução constitucional de 48 para 44 horas semanais”, acrescenta. A mudança ocorreu com a Constituição de 1988
Pontos negativos
Quanto aos pontos negativos, isso exigiria ajustes significativos nas rotinas das empresas, possivelmente aumentando os custos com contratações ou pagamento de horas extras. Para setores que operam continuamente, como o varejo e a indústria, a necessidade de mais pessoas poderia representar um aumento na carga financeira considerável.
“Aliás, muitas empresas alegam que não conseguem pagar essa quantidade de horas extras. Aliás, essa luta já é antiga, na Constituinte já se debatia que as empresas não conseguiriam reduzir jornada semanal e se adaptaram. Agora, não são todos os setores que se adaptariam, por exemplo, em empresas que funcionam 24 horas, a escala 6×1 facilita a manutenção das operações”.
Mudanças nesse regime podem criar dificuldades em garantir cobertura constante, o que poderia impactar a qualidade do serviço, especialmente em hospitais, segurança e transporte.”
Além disso, a advogada observa que o fim da escala poderia resultar em menos oportunidades de ganhos adicionais, o que seria uma desvantagem para quem depende desses complementos salariais para manter sua renda.
Portanto, enquanto a mudança poderia trazer melhorias substanciais na qualidade de vida dos trabalhadores, sua implementação apresentaria desafios operacionais e financeiros para as empresas e os impactos nos custos.
Alternativas
A advogada também explica alternativas que as empresas podem adotar para ajustar a jornada de trabalho sem prejudicar os direitos dos trabalhadores. Algumas opções incluem os acordos e convenções coletivas de trabalho, permitindo que o sindicato da categoria negocie com a empresa para estabelecer jornadas diferenciadas ou flexíveis.
Outro fator é o banco de horas, permitindo que o trabalhador acumule horas trabalhadas em um período e as utilize para compensar em outro, como folgas ou redução da jornada em um dia específico. Além da jornada flexível que permite que o trabalhador escolha seus horários de início e fim do expediente, desde que atenda às necessidades da empresa e aos horários de trabalho, opções inclusive já existentes no ordenamento jurídico.
Remuneração salarial
Um fator importante é pensar se o fim da escala 6×1 pode afetar a remuneração dos trabalhadores. “A proposta é não alterar salários, mas se forem alterados, o fim da escala 6×1 pode afetar a remuneração dos trabalhadores, especialmente em caso de mudanças na jornada de trabalho. Dependendo da nova escala, a redução da carga horária semanal pode levar a uma diminuição do salário”, reconhece.
No entanto, há também a possibilidade de que os salários sejam mantidos. “Com ajustes em outras áreas, como horas extras ou benefícios, dependendo de como será aprovada”, explica a advogada.
Cenário ideal
A especialista também informa sobre qual seria o cenário ideal para equilibrar as necessidades de produtividade das empresas com os direitos dos trabalhadores. “Isso envolve uma combinação de políticas públicas bem definidas, cultura organizacional saudável e uso estratégico da tecnologia, uma reforma tributária alinhada com uma reforma trabalhista. Novas técnicas de trabalho como o home office já ajudaram muito”.
Por fim, a profisional ressalta que empregados saudáveis e cooperativos representam o ideal para a sociedade. “Empresários movimentando a economia, contratando e cumprindo com os direitos dos trabalhadores. Dois lados saudáveis fazem um País forte”, complementa.
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