Diante de um mundo extremamente conectado, onde as redes sociais tornaram-se parte integrante da vida dos jovens brasileiros, sinto uma crescente necessidade de abordar o tema que, dia após dia, se intensifica até mesmo nas escolas, impactando diretamente a formação de alunos em todo o país.
A presença no universo digital segue cada vez mais comum e é essencial que as instituições educacionais assumam um papel ativo em orientar também os pais sobre como lidar com essa realidade.
Em uma pesquisa que realizei sobre o tema, identifiquei que 83% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos possuem perfil em ao menos uma rede social, conforme a TIC Kids Online Brasil 2024.
O dado evidencia a necessidade urgente de orientação adequada sobre o uso dessas plataformas.
É inegável que as redes sociais oferecem inúmeros recursos de interação e entretenimento, mas também expõem os jovens a riscos como cyberbullying, exposição excessiva da intimidade, contato com conteúdos impróprios e até aliciamento por desconhecidos.
Muitas vezes, os pais não têm conhecimento ou domínio suficiente sobre esses riscos e, por isso, não conseguem orientar adequadamente os filhos.
Justamente nesse ponto que entra o papel fundamental das escolas: além de formar cidadãos críticos e conscientes, devem atuar como ponte entre o mundo digital e a realidade familiar.
Ao promover palestras, reuniões e dinâmicas com especialistas em segurança digital e psicologia, as escolas ajudam os pais a compreenderem melhor os desafios e as ferramentas disponíveis para acompanhar a vida online dos seus filhos.
Não à toa, também foi aprovada a Lei nº 15.100/2025, que veda o uso de aparelhos eletrônicos portáteis pessoais durante as aulas, recreios e intervalos em todas as etapas da educação básica, como forma de controlar o uso excessivo e os impactos negativos no aprendizado e nas interações sociais dos alunos.
A escola, por estar em contato direto com os estudantes, consegue identificar mudanças de comportamento e sinais de alerta que podem indicar problemas relacionados à utilização exagerada ou indevida das redes.
No entanto, essa atuação será limitada se os pais não forem parceiros nesse processo.
É preciso criar um laço de cooperação entre escola e família para que a educação digital seja mais eficaz.
Além disso, quando as famílias estão bem informadas, tornam-se mais aptas a promover limites saudáveis e a desenvolver com os filhos uma relação de confiança e diálogo sobre o uso das redes. Essa relação é fundamental para evitar conflitos e construir uma rotina mais segura e equilibrada no ambiente virtual.
Ao orientarem os pais sobre o uso das redes sociais, as escolas contribuem diretamente para o desenvolvimento de jovens mais conscientes, protegidos e preparados para lidar com o mundo digital, contribuindo para a formação de uma geração mais segura e ética, tanto no mundo real quanto no virtual.
Não podemos esquecer que a educação digital e a promoção de hábitos responsáveis são essenciais para que a tecnologia seja aliada no desenvolvimento dos estudantes, e não um obstáculo.
Wagner Venceslau Dias é diretor pedagógico do Colégio Anglo Leonardo da Vinci
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