Recente estudo realizado pela Confederação Nacional do Transporte, Guia CNT de Segurança nas Rodovias Brasileiras 2025, revelou o que há muito já se sabia: a qualidade das rodovias brasileiras exerce um impacto direto na eficiência econômica e no desenvolvimento social do País.
O documento, considerado o mais abrangente estudo sobre a infraestrutura rodoviária no Brasil, detalhou os principais fatores que têm afetado a segurança nas estradas do país.
Ele também classificou o estado geral das estradas brasileiras, sendo 7,5% delas como ótimas; 25,5%, boas; 40,4%, regulares; 20,8%, ruins; e 5,8% como péssimas.
Em razão disso, o número de acidentes com mortes em rodovias federais apresentou um crescimento preocupante de 9% em relação a 2023, o que corresponde a um aumento de 526 mortes adicionais – ou aproximadamente 44 vítimas fatais a mais por mês.
Por si só, toda essa tragédia, motivada pela imprudência, consumo de bebidas alcoólicas e drogas por motoristas, e pelas péssimas condições de nossas estradas, já seria motivo mais do que suficiente para justificar a priorização dos investimentos públicos na fiscalização, recuperação e duplicação das principais rodovias nacionais.
Além da insegurança resultante da deterioração das vias carroçáveis, falta de sinalização, ausência de fiscalização e equipamentos de monitoramento, as rodovias brasileiras já não comportam mais o volume de tráfego em razão do expressivo aumento da frota de veículos ocorrida nas últimas décadas.
Da mesma forma, com o desprezo aos sistemas de transporte de carga por meio de cabotagem e ferrovias, as estradas recebem número cada vez maior de caminhões para a movimentação de mercadorias, onerando o preço dos produtos ao consumidor final em razão dos elevados custos gerados pela manutenção e depreciação desses veículos .
Nesse sentido, além da urgente necessidade de investimentos na melhoria das estradas, cabe às autoridades Federal e estaduais colocarem em prática a tão propalada política de transportes para o Brasil, que obrigatoriamente deve incluir projetos visando a criação de malhas ferroviárias de grande extensão e o melhor aproveitamento de sistemas pluviais, garantindo condições mais seguras e econômicas para o transporte de cargas e passageiros.
Exemplos abstraídos de nações desenvolvidas denotam que os processos de desenvolvimento econômico e social decorreram das políticas de expansão dos sistemas de transporte, fator preponderante para integração de regiões produtivas e desconcentração de grandes conglomerados urbanos.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
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