Impressionante verificar que o mundo consegue resolver problemas que nós não conseguimos.
Em 1980, a Nova Zelândia estava à beira do caos.
Dois choques no preço do petróleo trouxeram inflação.
Maus governos erraram, como é natural.
Havia distribuição de subsídios, aumento salarial inflacionário, controle de preços e juros muito baixos, convivendo com impostos muito elevados.
A Nova Zelândia até chegou a ser chamada de “A Albânia do Pacífico Sul”.
Só que veio um governo sério e competente.
O Ministro das Finanças, Roger Douglas, removeu o controle cambial, cortou subsídios, privatizou serviços e entregou a definição da taxa de juros ao Banco Central.
Adotou-se uma estratégia contábil copiada da iniciativa privada.
Tudo começou a ser baseado em competência, banidas as práticas dispendiosas do Governo.
Todos tiveram de pensar a longo prazo e maximizar o uso eficiente dos ativos.
O governo constituiu um Fundo para pagar pensões futuras. Deu certo.
Ele é visto com inveja pelos outros países.
O orçamento inclui uma cobrança anual para contemplar a depreciação.
Com isso, o governo gerencia mais eficientemente o seu patrimônio.
A dívida foi administrada com austeridade e, depois de duas décadas de déficit, o balanço patrimonial equilibrou-se.
O patrimônio líquido neo-zelandês cresceu todos os anos, até a pandemia.
Esse modelo pode servir para os governos que não sabem o que fazer com a excessiva dívida pública.
Até para o “poderoso” conglomerado chamado Estados Unidos.
Sua dívida pública está próxima a 100% do PIB e projeta-se chegue a 122% até 2034.
Imagine-se, então, a situação dos países emergentes.
O FMI calcula a dívida pública global superior a cem trilhões de dólares, ou seja: 93% do PIB global.
A lição da Nova Zelândia vale para todos: países e entidades subnacionais. Inclusive para os Municípios.
Uma regra singela é não gastar mais do que se arrecada. Normalmente, a tomada de decisões se dá no escuro.
Outra recomendação: o que o governo não sabe fazer, tem de delegar à iniciativa privada.
Ela não admite prejuízo.
Por que continuar a se encarregar de fazer aquilo que sempre custa mais caro, não é melhor e ainda sugere práticas pouco republicanas ou, mais claramente, ilícitas?
José Renato Nalini é reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e secretário-executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
Deixe uma resposta