A chegada de um bebê é um momento de grande alegria, mas pode também trazer desafios emocionais, como a depressão pós-parto. Essa condição afeta principalmente as mães, mas também pode ocorrer com os pais. Diferente do “baby blues”, a depressão pós-parto é mais profunda e exige atenção cuidadosa.
Estudos da Fiocruz apontam que cerca de 25% das mulheres brasileiras apresentam sintomas de depressão pós-parto até 18 meses após o nascimento do bebê. Para Marcos Torati, psicólogo e mestre em Psicologia Clínica, a transição para a maternidade pode envolver um processo de luto pelas mudanças no corpo e na vida social. Muitas mulheres sentem que suas carreiras e liberdade pessoal são afetadas. Para as mães solo, a busca por apoio emocional no bebê pode gerar frustração quando o recém-nascido expressa suas próprias necessidades.
A depressão pós-parto é influenciada por fatores biológicos, psicológicos e sociais. Alguns fatores de risco incluem histórico de depressão, eventos estressantes durante a gravidez, baixa autoestima e falta de apoio emocional e social. Mulheres que enfrentaram dificuldades emocionais na infância também podem ser mais vulneráveis. Torati explica que esses sentimentos podem gerar inveja e raiva em relação ao bebê, já que ele recebe toda a atenção dos outros, ativando sentimentos de rejeição e desamparo.
Sintomas
Os sintomas da depressão pós-parto variam, mas os mais comuns são: tristeza persistente, medo de perder o controle, pensamentos obsessivos e catastróficos, mudanças de humor e desejo de isolamento. Também pode haver distúrbios de sono e apetite, e um sentimento de culpa por não aceitar a maternidade. Torati alerta ainda para o caso de rejeição ao bebê, um possível deslocamento de conflitos com o parceiro ou medo de perder a identidade e a atratividade sexual. Em muitos casos, as mães podem ocultar seus sentimentos negativos, desenvolvendo uma maneira de cuidar excessivamente do bebê para esconder o desejo de rejeição.
O psicólogo acredita que a depressão pode ser uma forma de defesa contra impulsos destrutivos. A mãe, ao se deprimir, pode estar protegendo o bebê de seus próprios sentimentos negativos. Por isso, é importante buscar apoio para lidar com esses conflitos.
A rede de apoio familiar é essencial para a recuperação. O parceiro, por exemplo, deve apoiar a mãe, assumindo responsabilidades cuidadoras quando necessário. Torati ressalta que, no caso de pais biológicos, é importante que eles também se conectem com seu lado mais sensível, cuidando da mãe para que ela possa se vincular ao filho.
A idealização do amor materno como algo natural e incondicional pode dificultar o reconhecimento da depressão pós-parto. Por isso, é fundamental que a condição seja diagnosticada para que a mãe receba o apoio adequado. Esse apoio é crucial para que ela consiga se dedicar ao autocuidado e ao tratamento.
O psicólogo finaliza dizendo que a rede de apoio é a base para a recuperação. Com o auxílio de familiares e parceiros, a mãe pode cuidar de sua saúde mental, encontrar momentos de prazer e descanso, e superar a depressão pós-parto.
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